9 de dezembro de 2011

Dos sofrimentos derramados no travesseiro...


Era bom chorar. Definitivamente era muito bom, se debulhar em lágrimas, sentir a garganta estreitar e olhos anuviarem enquanto mordia meu travesseiro. Lágrimas por mais doloridas que sejam demonstram sempre um coração que sente, uma alma que lamenta, uma pessoa que acredita e espera. Já se deparou com uma aridez emocional, onde seu coração é um deserto? Pois vou te contar, te contar como é não doer. Apunhaladas não te ferem, mentiras não te doem, o sofrimento não existe... E olha que irônico, a alegria também não. Como o branco existiria sem o negro, o doce sem o amargo? Precisamos do contraponto. Não dói, e por que não dói, o coração está morto.
O sofrimento é a força opositora a felicidade, e por isso mesmo a força que possibilita a existência de alegria. Sofrimento e felicidade coexistem sem se anularem, longe disso, contrastam, completam-se como o yin e yang. Se uma deixar de existir, a outra também some.

Por isso, doer é importante. Por isso não pode parar de doer. Sofrer (às vezes, que fique claro) é a característica de uma alma que ainda vibra, que ainda sente e por isso cresce. Chorar irriga a alma.
Sangrar, chorar, sentir... Isso te faz vivo.